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Trinta dias com o Toninho

Trinta dias com o Toninho
Postado em: 22-11-18

Trinta dias com o Toninho

Ontem se completaram 30 dias do falecimento do Toninho Moraes. O Davi Alvim enviou-nos um texto que consideramos importante compartilhar com todos, pois ele esteve em sua casa do dia 20 de outubro, véspera do seu falecimento e nos relata as impressões de sua alma.

30 dias com o Toninho

Quando o Toninho chegou perto para cumprimentar um casal com um bebê, eu brinquei: “Não sei se você sabe pegar um bebê, quer uma ajuda?”, e ele riu, dizendo “Olha, isso aqui eu sei fazer de cor”.

Ele sabia fazer de cor, porque se doou. Sua doação se manifestou nos seus 11 filhos e nas atividades de formação em que ele esteve à frente. Entre elas, há uma que me aproximou muito dele: eu e minha noiva fizemos parte do Curso de Casais Jovens de 2018.

A cada 15 dias, os homens se reuniam com ele no Centro do Castelo e as mulheres em reuniões simultâneas e temário paralelo no centro feminino com a Cris, sua esposa. Nas reuniões conjuntas, os casais se encontravam em sua casa.

Acompanhei o Curso durante este ano, e percebi que o casal Toninho & Cris dedicava os seus sábados para nos ensinar o que era o verdadeiro amor. Digo do que assisti da parte do Toninho: transmitiu-nos ensinamentos para que soubéssemos fazer nossa esposa feliz e a crescer em santidade conosco; aprendemos como respeitá-la e a cuidar do nosso relacionamento. Notava que ele queria que nós fôssemos mais santos do que ele.

Em suas aulas era muito nítido: o casamento dele o fazia o homem mais feliz do mundo. Ele tinha uma imensa alegria a cada palavra que pronunciava, falava tão bem de sua esposa, seus filhos, seus momentos, que nos inspirava a fazer o mesmo em nossa vida também. Ele não estava lá por obrigação. Era um homem livre e por amor às almas.

Estive com ele no sábado dia 20 de outubro, menos de 24 horas antes de sua partida. Em sua casa, junto com outros casais, tivemos um dia extremamente agradável de convivência. Contou-nos sobre sua experiência na educação dos filhos. E de fato, foi um dia de entrega em mais um sábado. Enquanto ele falava, pensei “Porque o Toninho se sacrifica tanto, tirando seus sábados de descanso pessoal para estar conosco? E porque eu também não estou fazendo o mesmo?”. Provavelmente essa inquietação não era só minha, mas dos demais que estavam na convivência.

Naquele dia, ele estava feliz (aliás, como sempre estava). Deu risada com as lembranças de seus filhos, contou sobre as diversas viagens e dos seus pulos nas águas frias das cachoeiras com os filhos mais corajosos; lembrou-nos dos passeios de bicicleta e da ida ao estádio do Palmeiras a pedido da filha (ficou até sem graça, afinal, era um corintiano ao roxo). Nesta ocasião, teve de comemorar cada gol do Palmeiras, que fez 4 gols no jogo. Tudo pelos seus filhos. Este é um sacrifício, mas pequeno e silencioso que significa cuidar dos 11 filhos, não dormir à noite, buscar na escola, ensinar a dirigir, dar broncas com amor, enfim, o sacrifício de educar. E o mais importante: educar para Deus.

O que mais me emociona em todas as minhas lembranças do Toninho foi que, no mesmo sábado, horas antes de sua morte, ele nos falou: “Quando eu morrer, quero chegar no Céu e ser recebido pela minha esposa, pelos meus filhos. Se não for assim, minha missão na Terra não terá sido concluída, eu preciso reencontrar minha esposa, meus filhos e meus amigos”. A ordem está alterada, pois ele é vai nos receber quando chegar a nossa hora. Mas a conclusão continua a mesma: se um dos seus não o encontrar no Paraíso, ele terá falhado em sua missão. Embora sejam duras, estas palavras não são minhas, mas são dele. O mesmo Toninho que nos falou naquele sábado, hoje nos espera ao lado de Jesus, Maria e São Josemaria Escrivá, para que, quando chegar a nossa hora, possamos revê-lo e adorar a Deus com ele por toda a eternidade.

O que me deixa muito feliz e tranquilo é a certeza do Céu para essa alma que tanto se doou aqui na Terra. Como dizia a passagem na Primeira Leitura em sua Missa de corpo presente, “Sua alma era agradável ao Senhor, e é por isso que ele o retirou depressa do meio da perversidade.”. Aqui ele fez muito, um homem íntegro, justo, e Deus acolheu a sua alma, pois poderia fazer muito mais com Ele no Céu.

Quando me despedi do Toninho naquele sábado, depois de diz “tchau” e sair, senti que deveria voltar e dizer algo a mais. Retornei, toquei em seu ombro e falei “Obrigado Toninho, por todos os ensinamentos”. Ele disse “Imagina!” com o tradicional sorriso no rosto.

Fui embora ainda impressionado de alguém se entregar tanto por tantas pessoas, e nem imagino quantas vidas foram afetadas por seu apostolado. O que me consola é que tive a graça de poder ter-lhe sido agradecido em uma ocasião inesquecível.

No dia seguinte, recebi a inesperada notícia. Não pude acreditar, como que ele estava em Ubatuba se no dia anterior passamos a tarde toda em sua casa? Compreendi através das palavras de seu filho Marcos em seu emocionante discurso antes do enterro. O seu pai, mesmo cansado de ter recebido quase 30 pessoas em sua casa no dia anterior, fez uma viagem de um só dia para a praia, pois sabia que seus filhos gostavam e que não iam já um certo tempo. Saíram às 3h da manhã de Campinas e passaram em Ubatuba os últimos momentos juntos. Momentos que imagino terem sido muito felizes e que o Marcos fez questão de contar cada detalhe.

Desde então, rezo muito por sua alma e pela família que aqui ficou, para que não esqueçam nunca: A missão dele só será cumprida se TODOS o encontrarem no Céu.

Hoje, completamos um mês com Toninho. Não fisicamente, mas com sua intercessão, com suas lembranças, com a certeza do Céu.

Obrigado, meu grande amigo.

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